sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Da Régua a S. Martinho de Anta

Não me censurem pelas delongas, Vizinhos leitores, que a pecha está-me no sangue; de vagaroso nunca passei, disso me caprichando, depois de ler o  romance Slow Man de J. M. Coetzee. Vem isto a propósito? Deste lapso, sem  a prometida crónica, desde o regresso do Douro.
Amigos de Coimbra, no Douro. Ao fundo a cidade da Régua

Mais de um  mês volvido não se me apagaram as imagens da Galafura.  Miradouro devoto de barqueiros antigos, donde Torga viu um "mar de mosto", mas demorou mais de vinte anos, até dar vida à ideia. Ali estamos - a Manuela, o Avelino, a Filomena e este que vos conta -  levados pelo Zé Manel, partilhando do   amor daquele amigo pela escrita do poeta. 
 Quando, na torreira  da meia tarde, chegámos às sombras  da capela de S. Leonardo,  e os olhares se cruzaram perplexos sobre como falar da vastidão rio-montanha, o nosso guia abriu a mala do carro, donde sacou prosa e poesia do seu escritor. Que não nos perdêssemos em ruídos, ouvíssemos o que nos trouxera de Lamego.

O Zé Manel ( Pereira de Melo) tinha ali todo o Torga
Acompanhámos o rapazinho Adolfo, pobre e rústico a caminho do seminário; as vicissitudes de quem, fechado na estranheza de uma escola, se interroga sobre a perda da  liberdade dos dias passados  entre a casa paterna,  o largo do Eiro , as ruelas  e fráguas  de redor. Relembrámos, entre verdura e céu, a justa de uma vida : Torga e o Outro. Quem és tu? Onde estás?

Filomena distraía na  Ciência  a ideia de finitude  que nos ia invadindo. "Finitude" foi   palavra com que a Manuela, dias mais tarde, haveria de legendar aquele  momento. Irrepetível.
Entretanto, o Avelino despertava da sesta salutar e costumeira. Abençoado! Que bicho nos mordera? E o Zé Manel repetiu-lhe as leituras.

Não abandonámos o local sem procurar o poema aos pés do santo,  na parede da capela.







Será que alguma vez mais ali nos encontraremos?



E seguimos,  em busca do Negrilho.

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