quarta-feira, 13 de março de 2013

De Miguel Torga a Aristides de Sousa Mendes


Na tarde em que lemos o Alma Grande do Torga, derivámos para a situação dos judeus pobres, camuflados no Portugal profundo, desde os tempos da Inquisição. Nenhum membro do grupo revelou ter ligações ao credo hebraico mas, nem por isso,  houve  indiferença perante as perseguições sofridas por aquele povo.Sentiu-se o horror do Holocausto
.
Normando, com alguma angústia, propôs-se trazer à leitura um aspecto desta questão: uma biografia do cônsul de Bordéus, Aristides de Sousa Mendes. Com particular enfoque no momento da desobediência daquele funcionário às directivas de Salazar.

Após longa ponderação, a decisão foi tomada e Sousa Mendes agiu em conformidade. Concedendo, à multidão de refugiados, vistos de saída da França, retalhada pelos nazis. Salvando-os dos campos de extermínio.
Segundo o testemunho do seu filho Pedro Nunes, Aristides, volvidas  horas de prostração, proclama: «A partir de agora vou dar vistos a toda a gente, deixou de haver nacionalidades, raças, religiões».
Para Carlos Mendes, primo de Pedro, o tio teria dito: «Não posso consentir que todas estas pessoas morram. Muitas delas são judias e a nossa Constituição, diz claramente que nem a religião, nem as ideias políticas de um estrangeiro podem servir de pretexto para lhe recusar a entrada em Portugal».
«Decidi ser fiel a este princípio mas não peço a demissão».

A apresentação do livro de José-Alain Fralon, Aristides de Sousa Mendes – um herói português (Presença, 2007) foi precedida de breve enquadramento histórico. Aprendemos ainda como, logo de seguida, se abateu sobre Sousa Mendes a mesquinha e implacável vingança da administração portuguesa.

1. Entretanto surgiram outros dados, pois a vizinhança do livro a todos mobiliza. Josefa lembrou-se das fotografias, aquando de uma  visita a Auschwitz.



2. E, mais uma vez,  Normando sentiu necessidade de revolver a gaveta, para  retirar   outro dos seus rimanços.

Ao Serviço do Povo

 Um homem foi chamado
para servir Portugal,
em França no Consulado,
na Segunda Guerra  mundial.

Homem corajoso e de valor,
muita gente livrou…
da morte e do horror,
muitos vistos assinou.

Contrariando o patrão,
desobedecendo às ideias,
do senhor de Santa Comba Dão,
sofrendo consequências muito feias.

De diplomata a pedinte,
eis o que aconteceu:
foi o passo seguinte,
por salvar tanto judeu.

Para Portugal viajou,
aquela gente desprezada,
neste país se instalou,
fugindo da guerra, horrorizada.

Cemitério à parte tiveram,
tal a marginalização;
na vida, o Mundo correram,
sedeados em cada nação.

Aristides de Sousa Mendes, seu nome,
o homem que enfrentou Salazar,
livrando aquela gente da fome,
desprezando o seu bem-estar.

A Mitra frequentou,
com a tigela na mão,
ao que o diplomata chegou,
para comer o seu pão.

De fato rasgado,
a enrugada pele não encobria,
foi o fim não desejado
do homem de diplomacia.

Por fazer o bem!...
Recebeu o seu preço,
(Naquele tempo, não se ia além);
Por ter do Povo… o seu apreço.

Rio de Mouro, 29/06/2008
Normando Alves Barreira

3.Para concluir, duas brevíssimas. Um de nós cruzara-se, nos finais dos anos noventa, com um neto de Aristides de Sousa Mendes que, apaixonadamente, andava fazendo palestras pelas escolas portuguesas, para reabilitar a memória do avô. Mas a ética e a cultura não estão  inscritas nos genes.. Daí que a mesma pessoa também acabou por travar conhecimento, pouco mais tarde, numa cidade da Bretanha, com um jovem francês, vendedor de artesanato, de apelido Sousa Mendes, que, embora sabendo-se descendente de uma família de origem portuguesa, ignorava em absoluto a acção heróica do cônsul de Bordéus.

domingo, 10 de março de 2013

LER : M/F?


A sessão do Dia da Mulher parece ter enchido as medidas  ao  nosso grupo. Não foi  escolha errada  A Rainha da Ausência do Mia Couto .

Adiante, mas a propósito, Ainda há quem diga que a leitura é coisa de mulheres. Ora vejam:

Pois segundo velhos regulamentos  da Biblioteca Nacional de Espanha,

Leer era cosa de hombres [!!!]

Tentem localizar o artigo do EL Pais, através do anterior endereço . Interessante, não?  Gostaria de acolher comentários. Aqui ou na próxima sessão, ainda não agendada.
Boas Leituras

terça-feira, 5 de março de 2013

8 de Março



Olá; Vizinhos do Livro. Não esquecer o nosso próximo encontro a 8 de Março. Teremos nessa sessão dois contos a propósito da efeméride.
Como já anunciado, um de Hélia Correia e outro de Mia Couto. Já se encontram em distribuição.

Saudações e boas leituras
JB