terça-feira, 21 de maio de 2013

Sapatinhos salvadores



Ana, jovem toxicodependente, deu à luz.
Durante a gestação, teve acompanhamento médico e suspendeu o consumo.
Parto normal, bebé perfeito, saudável.
Familiares, amigos, vizinhos e alguns comerciantes do bairro ajudaram na preparação do acontecimento: monetariamente, nas deslocações, na aquisição de boas práticas, no enxoval…
Quando a jovem comunicou ao suposto pai o nascimento da filha, este perguntou-lhe: «O que tenho eu a ver com isso?» Que o deixasse em paz e fosse chamar pai a outro!
Desesperada, decidiu afogar as mágoas novamente no vício. Meteu uns quantos haveres numa mochila e foi a uma loja, onde no passado se encontrava com o seu grupo.

Surpresa. O comércio não só mudara de dono, como também de ramo. Já não se transacionavam ali objetos de ocasião por droga.
Quem a atendeu foi o senhor Adolfo, conhecido do bairro, a quem ela acabou por revelar o conteúdo da mochila.
- Que quer isto dizer?
E leu na etiqueta: “Vendem-se sapatinhos de bebé nunca usados”…
- Tu endoideceste, Ana? Sabes quem fez estes sapatos, bem como outras roupinhas para a tua filha? Sabes?
 - Sei foi a sua esposa, senhor Adolfo…Desculpem.
- E não tens vergonha de...Fazes – me perder a cabeça, rapariga.
Calou-se o comerciante, Ana também emudeceu, avançando com as mãos trémulas para os sapatinhos.
- Por favor, Ana, fica quieta.
Novo silêncio. Como fugir dali?, pensava a rapariga.
De repente, o senhor Adolfo sorria. Sorria?
- Ó miúda, ouve-me bem: estás a sofrer muito… Vamos esquecer por que vieste aqui. Havemos de continuar a ajudar-te. Tem coragem. Senta-te, que a minha mulher não demora.

De facto não tardou. Conversa incompreensível entre o casal.
E ela? Que estava Ana ali a fazer? Coragem?! Até para se levantar e deixar a loja lhe faltava coragem.

Ouvia o senhor Adolfo telefonar a alguém sobre o seu caso. Ah! Falava para a linha SOS, combinava uma entrevista. Iriam, ele e a esposa ,acompanhar a jovem, daí a algumas horas. Haviam de convencê-la a levar a criança.

Ana aceitou. Era mais uma oportunidade… Já queimara tantas.

Hoje, a jovem é  empregada no estabelecimento do senhor Adolfo. O comerciante e a esposa estão satisfeitos, e até conseguiram um outro propósito. Persuadiram o suposto pai a assumir a paternidade e a guarda partilhada da criança.

Josefa




quinta-feira, 16 de maio de 2013


Então, até amanhã, Vizinhos do Livro. Coragem para subirmos ao Largo da Achada. Verão que vale a pena. Que ninguém falte.

Sonhar acordado

Levamos uma vida de sonhos que por vezes não se chegam a concretizar, ficando a ilusão, a desmotivação e até a saudade do que poderia ter sido.
Mas infelizmente nem toda a gente tem possibilidade de sonhar. Porque a vida não permite, transformando as pessoas em tristes, amarguradas, infelizes.
Vamos sonhar, sonhar é viver.

Joaquina


Nota:É evidente que este texto só poderia ser de quem é. Todos estamos a partilhar do sorriso da autora.

domingo, 5 de maio de 2013

Esta noite tive um sonho

Esta noite tive um sonho.

E neste sonho a minha cabeça era uma tremenda confusão. Tinha acabado o 12º ano - eu que só tenho o 6º ano -, depois queria entrar para a universidade, para aprender inglês.
Mas a minha família dizia:
“ Não é preciso ir para a universidade para aprenderes inglês…Agora com essa idade!”
E eu dizia:
“Também é verdade, com 66 anos, aprendo inglês cá fora.”
Também cantava num coro – outra verdade.
E não tinha tempo para nada.
A minha casa andava desarrumada: era roupa por todo o lado, camas por fazer, louça suja porque a máquina se avariou…
Sentia-me cansada e pensava:
 “Tenho que me reformar!”

Idalina Gonçalves


Na última sessão de 3 de Maio, chegaram os primeiros sonhos das nossas leitoras. Ouvimos o texto da Idalina  e o da Joaquina . A primeira, a integrar o grupo Vizinhos do Livro desde fresca data, já aqui é contemplada pelo "editor". Quanto à Joaquina, pede-se-lhe um pouquinho de paciência, até breve oportunidade.
Fique claro que não nos arrogamos a interpretar sonhos. Embora quem queira, seja livre de o fazer, basta acionar os comentários


Naquele dia, sem termos concluído  a leitura do conto de José Rodrigues Miguéis, já planificámos a nova atividade - a primeira fora de portas. A 17 de Maio, iremos então ao Centro Mário Dioníso- Casa da Achada, com o objetivo de visitar e escrever sobre as pinturas e  gravuras de José Júlio.

Por sorte, levaremos na nossa companhia a  nossa Eduarda. Convém esclarecer: quem vai conosco é a animadora de expressão  plásticas da Associação de Reformados de Rio de Mouro. Quanto à outra Eduarda (Dionísio), iremos certamente encontrá-la na Casa da Achada.  Sem a sua  dedicação constante, não haveria motivo para esta viagem à Mouraria. Conforme havemos de concluir.


Atenção! Atenção!
Reparem como o senhor Armando Ferreira, celebrou o seu 83º aniversário tornando-se seguidor do nosso blogue. Muito obrigado, capitão Armando e, mais uma vez: parabèns!. E já agora:
Não quer escrever o seu sonho para o seu bisneto Gabriel?