"Leitura
Sessão de leitura
Com toda a ternura [...]
[...]Para desenferrujar a mente
Desta honesta gente,
Nesta digna sociedade."
Normando Alves Barreira
Que se conforme o Vizinho Normando com estes respigos das suas rimas de apreço pela actividade que vimos desenvolvendo. A parte omissa, pelo tom elogioso, a um membro do nosso Grupo, destoaria certamente
. Vamos, sim senhor, manter o ambiente de ternura, tão necessária a nossa faixa étária, aproveitando sempre para desenferrujar a mente.
Há sessões que merecem uma crónica paralela, para além dos momentos de fruição do texto escolhido.
Houve um dia em que alguém saiu da sessão a pensar que, conto por conto, narrativa mais ou menos e tal e coisa, se poderia dar voz a isto:
Diz ele: Fiz tropa na Marinha. Um dia mandaram-me pintar portas, janelas, armários e estantes da biblioteca do Ministério, no Terreiro do Paço. Aguenta que é serviço, ele que nunca tinha entrado numa casa com tantos volumes. Cuidadinho com os materiais, não esborrate a tinta do restauro os frágeis papéis pintados que dão corpo a cada livro.
Era preciso não confundir aqueles que sabem apreciar um bom livro com os que se obrigam à perfeição do trabalho manual. Recomendação constante de alguém, nas semanas que durou a tarefa.
Até que o marinheir-pintor não resistiu. Porque aquele título chamava-o, não do fundo do mar, mas dos serões de Valpaços, a ouvir da boca da avó restos de histórias das Mil e uma… Não senhor, a avó não sabia ler.
Como em formatura no convés, lá estavam eles, todos os volumes da obra, coisa que a avó nunca poderia ter imaginado. Ali à altura dos olhos.
Poisou trinchas e pincéis, o marujo. Reparou nas mãos, não queria conspurcar a mestria do encadernador.
Os dedos avançaram. Sem saber como, ali estava ele, abraçado à Xerazade, a filha do Vizir. Embarcando com Sinbad.
Na manhã seguinte voltou às tintas. Ansioso por uma pausa, para mais um encontro com a filha do Vizir.
JB